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20 . 12 . 2019

Caso Clínico - Dores Menstruais

Este é o caso de uma adolescente de 17 anos que procurou ajuda devido a dor intensa e outros sintomas incapacitantes durante o período menstrual.

A.F., de 17 anos de idade, era uma adolescente saudável, com excepção dos sintomas graves que recorriam todos os meses, na altura do período menstrual. Além da dor abdominal intensa, A.F. tinha náuseas, vómitos, dores de cabeça e diarreia. A situação vinha a agravar-se nos últimos meses e A.F. tinha, inclusivamente, de faltar à escola nos dias da menstruação. Os sintomas melhoravam parcialmente, apenas, com o uso de anti inflamatórios não esteróides.

Devido a esta dismenorreia (designação médica para dores menstruais), A.F. e seus pais consultaram um especialista de Ginecologia, que recomendou o início de contraceptivos orais para controlo dos sintomas. De facto, os contraceptivos orais são eficazes no tratamento da dismenorreia, pois bloqueiam o ciclo hormonal da mulher e previnem a flutuação normal das hormonas sexuais. Contudo, o estrogénio e a progesterona produzidos pela mulher, durante o seu ciclo, têm importantes funções fisiológicas e não devem ser suprimidos de forma artificial.

Atentos aos perigos dos contraceptivos orais, os pais de A.F. procuraram uma alternativa mais natural para controlar os sintomas, em vez de iniciar uma medicação crónica com potenciais efeitos secundários. Na primeira consulta, a anamnese revelou uma adolescente saudável, com uma dieta que incluía frutas e vegetais, boas fontes de proteína, mas também hidratos de carbono refinados (incluindo bolachas) e lacticínios. Ao exame objectivo, não foram detectadas quaisquer anomalias e a composição corporal era boa para a idade e género.

Propôs-se, então, um tratamento que visava diminuir a inflamação, o que poderia estar na génese dos sintomas menstruais de A.F. Nesse sentido, foi recomendada uma dieta sem glúten, lacticínios e açúcares, e suplementação com magnésio e um extracto de curcuma. Os cereais que contêm glúten e os lacticínios são os principais alergéneos na nossa dieta, e podem contribuir para a activação da cascata inflamatória. Os lacticínios, particularmente de vaca, têm uma proteína chamada caseína que é bastante imunogénica. O magnésio tem um efeito relaxante no músculo liso, o que ajuda nas dores menstruais, e a curcuma é um potente agente anti-inflamatório.

Após um mês, a paciente teve nova menstruação e ficou espantada com a redução dos seus sintomas. Teve apenas dor residual que resolveu completamente com uma toma única de um anti inflamatório não esteróide. Nenhum dos sintomas acompanhantes se fez notar, e A.F. pôde continuar a sua rotina habitual.

De forma natural e suportando o corpo, em vez de bloqueando os seus ritmos naturais, foi possível controlar a dismenorreia desta paciente. As dores menstruais são um problema bastante comum em mulheres de idade jovem e este tipo de abordagem pode trazer benefícios significativos.

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